O sistema nervoso pode ser atacado por eventos climáticos como calor, poluição do ar ou enchentes, aumentando a incidência de certos distúrbios neurológicos. A presença de toxinas na água potável causada pelas mudanças climáticas também pode levar a distúrbios psiquiátricos ou neurológicos, como o mal de Alzheimer ou o mal de Parkinson.
AVC (Acidente Vascular Cerebral)
A desidratação causada pelo calor deixa o sangue mais concentrado e espesso, aumentando o risco de trombose e AVC isquêmico. Além disso, a perda intensa de água induzida pelo calor pode causar desequilíbrios graves no cérebro, provocando até um AVC hemorrágico.
A exposição a partículas finas no ar (poluição e estiagem) está ligada ao aumento do risco de AVC, embora os mecanismos exatos ainda não sejam totalmente conhecidos. SIRS, diminuição do espaço intravascular e tromboembolismo já foram considerados mediadores dessa associação.
Já o frio eleva a pressão arterial e causa a contração dos vasos sanguíneos (vasoconstrição), deixando o sangue mais espesso e favorecendo AVC isquêmico ou hemorrágico. A exposição prolongada ao frio também pode aumentar o colesterol e favorecer a formação de placas nas artérias.
Mal de Parkinson
Durante enchentes e chuvas fortes, a água pode carregar substâncias tóxicas do solo, como o manganês, para os rios e a água potável. A exposição a essas toxinas pode aumentar o risco de doenças como o mal de Parkinson e causar danos ao sistema nervoso, embora o mecanismo exato ainda não seja totalmente conhecido.
Doenças de Alzheimer e outros tipos de demência
Durante enchentes e chuvas fortes, a água pode carregar metais pesados do solo para os rios e a água potável. A exposição a esses metais está associada ao risco de desenvolver a doença de Alzheimer, embora o mecanismo exato ainda não seja totalmente conhecido.
Alterações de Aprendizagem
Durante enchentes e chuvas fortes, a água pode carregar metais pesados do solo para os rios e contaminar a água potável. A exposição a esses metais também pode prejudicar o desenvolvimento e causar distúrbios de aprendizagem em crianças.
Epilepsia
Depois de eventos climáticos extremos, como inundações ou secas, o estresse causado por perdas econômicas ou pelo deslocamento pode gerar transtorno de estresse pós-traumático, afetando a saúde mental e neurológica das pessoas expostas. Esse estresse pode, inclusive, desencadear crises de epilepsia. O calor intenso também aumenta o risco dessas crises, embora o motivo exato ainda não seja totalmente conhecido.
Esclerose Múltipla
As altas temperaturas e o estresse causados por inundações e secas podem piorar alguns sintomas neurológicos em pessoas com esclerose múltipla, principalmente a fadiga. Ainda não se sabe exatamente como isso acontece.
Sintomas Neurológicos
A desidratação causada pelo calor pode provocar hipernatremia (excesso de sódio no sangue), com sintomas como sede intensa, confusão, alteração da consciência e até coma. Já a ingestão exagerada de água (principalmente sem reposição de sais) pode causar hiponatremia, levando à irritabilidade, confusão, perda de consciência, convulsões e, em casos graves, coma. Ambas as condições podem ser confundidas com um colapso pelo calor.
As mudanças climáticas também parecem aumentar os casos de intoxicação por ciguatera, um tipo de envenenamento alimentar. O aumento da temperatura dos oceanos favorece a proliferação da microalga Gambierdiscus toxicus, que produz toxinas. Quando grandes peixes carnívoros acumulam essas toxinas e são consumidos por humanos, podem causar desde sintomas gastrointestinais até, em casos raros, sintomas neurológicos, como paralisia muscular, paralisia respiratória e coma. Em casos leves, pode ocorrer intoxicação alimentar.
Sintomas Neurológicos do Colapso pelo Calor
Para diagnosticar o colapso pelo calor, é fundamental observar a combinação de comprometimento neurológico e temperatura corporal elevada (acima de 40°C). Os sinais incluem irritabilidade, delírio, respiração rápida (hiperventilação), convulsões, confusão mental (encefalopatia) e coma. Isso ocorre devido a uma inflamação generalizada (SIRS), que pode provocar inchaço cerebral, falta de oxigenação no cérebro e alterações metabólicas. Problemas cardíacos, respiratórios e no equilíbrio de água e sais também são comuns nestes casos.
Síndrome de Guillain-Barré
O calor, as inundações e a seca favorecem a disseminação do vírus zika, o que aumenta o risco de desenvolvimento da síndrome de Guillain-Barré, uma condição neurológica grave. O mecanismo exato dessa relação ainda não é totalmente conhecido.
Meningite Meningocócica
Secas podem aumentar a transmissão do meningococo. Durante esses períodos, ventos com poeira, noites frias e infecções respiratórias podem lesionar a mucosa da nasofaringe, facilitando a infecção pela bactéria causadora da meningite meningocócica.
Fonte: Mudanças climáticas para profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador